CHICO BUARQUE – CONSTRUCAO

CHICO BUARQUE – CONSTRUCAO

CHICO BUARQUE

Album : Construção

Date de sortie : 1971-01-01

Lyrics

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
(Amou daquela vez) como se fosse o último
(Beijou sua mulher) como se fosse a única
(E cada filho seu) como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu na construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer, a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague

Paroles (Traduction)

Il a aimé cette fois comme si c'était la dernière
Il a embrassé sa femme comme si c'était la dernière
Et chacun de ses enfants comme s'il était le seul
Il a traversé la rue avec une démarche timide
Il est monté sur la construction comme une machine
A érigé sur le palier quatre murs solides
Brique par brique dans un dessin magique
Ses yeux embués de ciment et de larmes
Il s'est assis pour se reposer comme si c'était samedi
Il a mangé des haricots avec du riz comme un prince
Il a bu et sangloté comme un naufragé
Il a dansé et ri comme s'il entendait de la musique
Et il a trébuché dans le ciel comme s'il était ivre
Et il a flotté dans l'air comme un oiseau
Et il s'est effondré au sol comme un paquet flasque
Il agonisait au milieu du trottoir public
Il est mort à contresens gênant la circulation
(Il a aimé cette fois) comme si c'était la dernière
(Il a embrassé sa femme) comme si c'était la seule
(Et chacun de ses enfants) comme s'il était le prodigue
Et il a traversé la rue avec une démarche titubante
Il est monté sur la construction comme si c'était solide
A érigé sur le palier quatre murs magiques
Brique par brique dans un dessin logique
Ses yeux embués de ciment et de circulation
Il s'est assis pour se reposer comme un prince
Il a mangé des haricots avec du riz comme s'il était au maximum
Il a bu et sangloté comme s'il était une machine
Il a dansé et ri comme s'il était le prochain
Et il a trébuché dans le ciel comme s'il entendait de la musique
Et il a flotté dans l'air comme si c'était samedi
Et il s'est effondré au sol comme un paquet timide
Il agonisait au milieu du trottoir naufragé
Il est mort à contresens gênant le public
Il a

Thématique La société

Style La chanson

Keywords La poésie, Le Brésil

Entités normées Chico Buarque